11º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

11º Domingo Do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – 2Sm 12,7-10.13
  • Salmo – Sl 31,1-2.5.7.11 (R. cf 5ad)
  • 2ª Leitura – Gl 2,16.19-21
  • Evangelho – Lc 7,36-8,3

Hoje celebramos o 11º domingo do Tempo Comum e o tema central da nossa liturgia nos apresenta um Deus de bondade e de misericórdia, que não se compraz com o pecado, mas que ama o pecador. Deus está sempre disposto a nos perdoar e a perpetuar sua proposta de salvação para nós. Basta que, para isso, voltemos nosso coração a Ele com sinceridade. Quando descobrimos esta riqueza de amor e misericórdia que está presente em Deus, nasce em nós uma vontade de vivermos uma vida nova, de maneira mais próxima Dele.

Pintura de Rembrandt, "Davi e Urias"
Pintura de Rembrandt, “Davi e Urias”

Na primeira leitura de hoje, temos um trecho retirado do Segundo Livro de Samuel, onde vemos um pequeno recorte da história do Rei David, que nos é apresentado como um homem pecador, que desagradou a Deus, embora por Ele tivesse sido favorecido. Deus, apesar de já ter expressado seu amor por David, não compactua com o pecado que ele comete, acobertando suas faltas, fingindo que não vê seu pecado, mas, por outro lado, também não abandona David, mas oferece a ele a oportunidade de reconhecer seus erros e, por consequência, também aceitar que Sua misericórdia seja abundante em sua vida.

O Livro de Samuel é dividido em duas partes. Temos o primeiro e o segundo livros de Samuel. Ele nos conta a história da monarquia em Israel. Este livro não foi escrito por historiadores, que tinham a intenção de fazer um relato histórico sobre estes governantes, mas foi um livro escrito com intenção teológica, com a intenção de transmitir uma catequese a seus leitores, focada em passar a história dos reis de Israel à luz da fé daquele mesmo povo. O livro não tem a intenção de fazer um relato rígido sobre os acontecimentos históricos, embora eles sejam refletidos nele, mas a intenção principal é fazer as pessoas entenderem a forma de atuação de Deus nestes mesmos acontecimentos.

O texto que vemos hoje nos coloca em Jerusalém, nos primeiros anos do século X a. C., quando a capital do Reino de Israel, que já havia sido unificado (não existiam mais os reinos do norte e do sul), já se encontrava lá instalada. Num trecho um pouco anterior ao que lemos hoje, vemos que David havia cometido adultério com Betsabé, que era mulher de um dos soldados de David, chamado Urias. Depois disso, para que seu pecado não fosse descoberto, David coloca Urias na linha de frente de batalha, para que fosse morto com mais facilidade. O autor do livro coloca a reação de Deus, que não poderia compactuar com esta atitude de David, na voz do profeta Natã, que tem o diálogo com David narrado na leitura que vimos hoje.

Natã diz a David que Deus não poderá ficar indiferente diante de tamanha falta cometida e que pedirá contas deste pecado. Natã, então, anuncia as punições contra David. Segundo estudiosos das Sagradas Escrituras, o autor do livro escreve este texto muito tempo depois dos acontecimentos do reinado de David. Sendo assim, ele já tinha o conhecimento histórico da morte violenta que sofreram os três filhos de David (Amon, Absalão e Adonias), que não tem ligação com castigos dados por Deus, mas foram consequência de acontecimentos ligados ao tempo de guerra em que eles viveram. Lembremos sempre que muitas pessoas pereciam durante as batalhas violentas e isto acabava por atingir também as famílias dos monarcas. Estas tragédias foram consequências naturais de um tempo de guerra. Mas o autor do livro quer nos transmitir um ensinamento teológico, segundo o qual Deus não pôde ser conivente com os grandes pecados cometidos pelo Rei David. A mensagem do autor para nós é clara. É a mensagem de que Deus não deixa “passar batido” as atitudes das pessoas que se aproveitam de sua condição de poder, para cometerem injustiças com os que são por elas dominados.

No entanto, a última mensagem que vemos no texto é uma mensagem de esperança, onde vemos David, que colocado diante de seus pecados, de seu crime, demonstra profundo arrependimento, com muita humildade, pede perdão a Deus e Deus perdoa a sua falta. O objetivo do autor foi nos mostrar que Deus nunca é conivente com o pecado, mas está sempre disposto a acolher e perdoar o pecador que se arrepende dentro de seu coração. Ele está sempre disposto a perdoar nossas faltas e usar de sua misericórdia infinita com a gente. Ele não nos abandona e nos dá sempre a chance de recomeçar.

(…)continua

Ouça na ÍNTEGRA! Os comentários continuam e abrangem a 1ª Leitura, 2ª Leitura e o Evangelho desse domingo. Você se interessou em aprofundar este conteúdo? Ouça o comentário completo assistindo ao vídeo que contém o programa Conversando sobre a Palavra na íntegra:

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