23º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

23º Domingo do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Sb 9,13-18 (gr.13-18b)
  • Salmo – Sl 89,3-4.5-6.12-13.14 17 (R.1)
  • 2ª Leitura – Fm 9b-10.12-17
  • Evangelho – Lc 14,25-33

Hoje celebramos o 23º Domingo do Tempo Comum. A liturgia deste dia nos mostra como os caminhos do Reino de Deus são exigentes. Quando nós fazemos, a opção pelo caminho do Reino de Deus, não podemos esperar facilidades que virão através das nossas escolhas. Sempre teremos a resistência dos que se opõe aos valores pregados por Jesus. Se não foi fácil para Ele, com certeza, também não será fácil para nós. Mas devemos ter em mente que este é o caminho que pode nos garantir a entrada para a vida eterna, enquanto os caminhos do mundo só garantem a falsa sensação momentânea de uma vida de sucesso. É algo que devemos considerar. Mas isso não é um raciocínio a que chegamos em um parágrafo de reflexão… é assunto para toda uma vida.

A primeira leitura de hoje é retirada do Livro da Sabedoria. Este livro é um dos livros conhecidos como Livros Sapienciais, cujo objetivo é nos transmitir a sabedoria que conduz as pessoas para uma vida de êxito, segundo os critérios de Deus. O autor do livro se apresenta como um rei que é apaixonado pela sabedoria e que construiu um templo e um altar na cidade de Deus. Todas essas referências nos levam a Salomão. O problema é que Salomão viveu por volta do século X a.C.., enquanto que o livro da Sabedoria foi escrito por volta do século I a.C.. Tudo isso nos faz concluir que este livro foi escrito por algum judeu piedoso que deve ter vivido nesta época, e não por Salomão, como, a princípio, possa parecer.

A intenção do autor deste livro é voltada para os Israelitas, que viviam imersos na cultura grega e que, por conta disso, acabaram envolvidos pelo paganismo, pela idolatria e por diversos tipos de imoralidade. O autor tentar mostrar que vale a pena viver os valores da fé judaica e perseverar na justiça e também tenta se dirigir aos pagãos, tentando atraí-los, com o argumento da superioridade dos valores da fé judaica em comparação com os valores pagãos. Para isso, ele se utiliza de uma linguagem bem familiar para as pessoas de cultura grega, de modo que pudesse passar sua mensagem de maneira mais atrativa e compreensível.

No trecho que lemos hoje, o autor faz um elogio da “sabedoria” e coloca como questão fundamental o fato dessa sabedoria ter origem em Deus, ser um dom gratuito de Deus, que permite às pessoas compreenderem tudo, fazer o que agrada a Deus e, por conta disso, serem salvas. O autor nos mostra que somos pessoas finitas, limitadas, que temos dificuldades, que são características dos seres humanos e, em razão disso, não conseguimos compreender corretamente as coisas por nossas próprias capacidades. Nós só conseguimos descobrir o verdadeiro sentido de nossas vidas através da aceitação da sabedoria de Deus, que é dada por Ele gratuitamente para todos aqueles que se dispuserem a recebê-la e, com ela, poderem compreender o verdadeiro sentido da vida. É através da sabedoria que as pessoas conseguem separar o que é verdadeiro do que é falso e também colocarem em uma escala de valores o que é importante e o que é inútil.

Esta leitura deve nos fazer refletir sobre a maneira pela qual nós discernimos as coisas na nossa vida. Quais os critérios que nós utilizamos para valorar as coisas, para sabermos o que é realmente importante e o que não é… como nós construímos nossa escala de valores? Será que sabemos enxergar, sob os critérios da sabedoria de Deus, o que é realmente um valor verdadeiro e o que é um falso valor, aquele que tem o potencial de nos iludir, de nos enganar, de nos afastar dos valores do Reino de Deus?

Homem estressado
Créditos da imagem: Vecteezy.com

Hoje, nos deparamos com tantos desafios, tantas opiniões, tantas teorias sobre as coisas…. realmente nossa cabeça acaba, muitas vezes, ficando confusa com tantas informações com que ela é bombardeada. Temos que nos revestir desta sabedoria dada gratuitamente por Deus, para que não sejamos levados o tempo todo pela opinião das mídias, que nos massacram 24h por dia com uma opinião que somente reflete a opinião de seus proprietários ou daqueles que financiam suas atividades. É muito difícil acharmos isenção nos meios de comunicação social. É bem verdade que eles são extremamente úteis para nossa democracia e isto, por si só, já é algo de extrema relevância, mas eles não podem ditar nossas regras de comportamento ou de pensamento, que devem estar sempre focadas no que nos ensinou Jesus. Ou, ainda, devemos nos revestir da sabedoria de Deus, para que não nos deixemos influenciar demasiadamente pela ideologia dominante no local onde vivemos, seja ela qual for, pois ela tentará o tempo todo direcionar tudo para a sua própria convergência, que não converge necessariamente para a mesma ótica dos princípios do Reino de Deus. Outras vezes somos confrontados pelos modismos, que como o próprio nome diz, são moda, não tem raízes em si mesmos, mas que arrastam multidões para determinados caminhos que, frequentemente, passam ao largo dos projetos, passam longe da sabedoria de Deus, dos verdadeiros valores para os quais devemos direcionar nossas vidas.

(…)continua

Ouça na ÍNTEGRA! Os comentários continuam e abrangem a 1ª Leitura, 2ª Leitura e o Evangelho desse domingo. Você se interessou em aprofundar este conteúdo? Ouça o comentário completo assistindo ao vídeo que contém o programa “Conversando sobre a Palavra” na íntegra:

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