21º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

21º Domingo do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Is 66,18-21
  • Salmo – Sl 116,1.2 (R.Mc 16,15)
  • 2ª Leitura – Hb 12,5-7.11-13
  • Evangelho – Lc 13,22-30

Hoje celebramos o 21º Domingo do Tempo Comum e o tema central da nossa liturgia é a oferta da salvação que Deus faz a todas as pessoas, sem exceção. A salvação também deve ser compreendida como um dom gratuito da parte de Deus, de sua bondade para com todas as pessoas. Mas para isso, o ser humano precisa renunciar a certos valores que são incompatíveis com o Reino de Deus, e optar, voluntariamente, pelos valores do Reino, que nos foram apresentados por Jesus.

Na primeira leitura de hoje, vemos um trecho retirado do Livro do Profeta Isaías, no qual um profeta, cujo nome não é mencionado na narrativa, nos mostra uma visão da comunidade final, daquela comunidade que será estabelecida no final dos tempos. É um lugar onde todos os povos da Terra, sem exceção, serão testemunhas das maravilhas de Deus. O profeta diz que mesmo os pagãos serão chamados para participar dessa comunidade, onde não haverá distinção de etnia ou origem.

Os capítulos 56 a 66 do Livro de Isaías, de onde foi retirado o trecho que lemos hoje, são atribuídos pelos estudiosos das escrituras a vários autores diferentes, sobre os quais não sabemos quase nada, mas que nos apresentaram seus relatos em um período histórico que é situado após o exílio da Babilônia. Neste período. nessa comunidade que habitava o Reino de Israel havia uma mistura muito grande de povos. Lá habitavam tanto judeus, como estrangeiros, que haviam se estabelecido em Jerusalém após durante o período do Exílio e outros que por lá se estabeleceram após esse período. Nesse contexto, surge uma grande problemática, que é a questão central da nossa leitura de hoje: estes estrangeiros poderiam ser integrados ao povo de Deus, no sentido de serem pessoas que poderiam ser aptas a receber a salvação de Deus? O profeta que nos fala no texto de hoje defende claramente que o acesso à salvação é universal. Todos os povos são convidados por Deus para esse objetivo. Não importa sua origem, sua etnia.

Capena Sistina, Profeta Isaías, por Michelângelo.
Capena Sistina, Profeta Isaías, por Michelângelo.

Tendo em vista essa visão do profeta, é que vemos no texto da leitura a constituição de uma comunidade do final dos tempos onde existem pessoas originárias de várias nações. Todas as pessoas são convocadas por Deus para fazerem parte do seu povo. E para isso, vemos no texto um escalonamento de eventos: Primeiramente, Deus promoverá uma reunião de todos as nações, independente de raça ou idioma. Em seguida, Ele enviará missionários, que serão pessoas escolhidas entre estes povos estrangeiros que foram reunidos. Estas pessoas serão destinadas a levarem o anúncio do Reino de Deus até os lugares mais distantes, de modo que todos possam ser convidados. Mais à frente, estas nações, que serão convidadas, responderão ao sinal enviado por Deus e se dirigirão ao Monte Santo, localizado em Jerusalém.

Apenas para entendermos a simbologia aqui contida, na teologia Judaica, Jerusalém era como o centro do mundo. Era o local onde Deus habitava junto com seu povo e onde deveria ocorrer a salvação definitiva do povo. Dessa maneira, este povo que virá dos locais mais distantes até Jerusalém, entrará na cidade trazendo, junto com eles, outros irmãos, como oferendas a Deus. E dentre estas pessoas que chegarão a Jerusalém, Deus escolherá algumas para se tornarem sacerdotes e levitas, com a função de servi-lo.

Temos sempre que lembrar que estamos em um contexto bíblico, envolvido em contexto político, onde o conceito de tolerância com povos estrangeiros não era algo fácil de ser enxergado pelas pessoas. A simples menção de que os povos de nações estrangeiras seriam convocados por Deus para comparecerem a Jerusalém e que Deus ofereceria a salvação igualmente a todos, a todos que aceitassem o seu convite, já era, por si só, algo escandaloso para as pessoas da época. Já era algo estranho dizer que Deus escolheria, dentre os pagãos missionários para levarem o Seu nome para nações mais distantes, e, imaginem, muito mais inimaginável seria dizer que dentre aqueles que aceitassem o convite destes missionários, Deus escolheria alguns para se tornarem sacerdotes e levitas com a função de servi-lo, uma atividade que era realizada dentro do Templo, que era um local onde qualquer pagão que ousasse entrar poderia ser condenado à morte! Quanta ousadia podemos ver nessa profecia que lemos hoje!!!

(…)continua

Ouça na ÍNTEGRA! Os comentários continuam e abrangem a 1ª Leitura, 2ª Leitura e o Evangelho desse domingo. Você se interessou em aprofundar este conteúdo? Ouça o comentário completo assistindo ao vídeo que contém o programa “Conversando sobre a Palavra” na íntegra:

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