22º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

22º Domingo do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Eclo 3,19-21.30-31 (gr. 17 -18.20.28-29)
  • Salmo – Sl 67, 4-5ac.6-7ab.10-11 (R. Cf. 11b
  • 2ª Leitura – Hb 12,18-19.22-24a
  • Evangelho – Lc 14,1.7-14

Hoje celebramos o 22º Domingo do Tempo Comum e a liturgia nos convida a refletirmos sobre alguns valores, em particular, que sempre estão associados ao Reino de Deus. Iremos refletir um pouco sobre humildade e sobre a prática do amor de maneira desinteressada, sem que esperemos nada em troca. A gratuidade do amor é uma das características mais marcantes de nosso Deus, que nos amou e nos entregou seu filho Jesus gratuitamente, para que, através dele, pudéssemos nos converter a obter a salvação

Na primeira leitura, vemos um trecho retirado do Livro do Eclesiástico. Este livro foi escrito no início do século II a.C.. Era uma época em que a Palestina estava sob o domínio do Império Selêucida. Este império se originou justamente quando o império de Alexandre, o Grande teve sua queda. Nesta época, vários generais de Alexandre dividiram o Império entre si, formando o que veio a ser o Império Selêucida. Este império, de cultura helenista, vinha minando os valores e a cultura do povo de Israel. Desta maneira, muitos Judeus e suas famílias, acabavam seduzidos pelo brilho da cultura helenística, da cultura de origem grega e, por consequência, acabavam por abandonar os valores e as tradições do povo de Israel.

Nesse cenário, surge Jesus Ben Sira, um judeu que valorizava e tinha muito orgulho das tradições e da cultura do povo de Israel, e que também tinha consciência de que a cultura helenística estava ameaçando destruir de vez as raízes do seu povo. Em vista disso tudo, ele escreve um documento que se destinava a mostrar ao povo judeu que a Torah, o livro sagrado dos Judeus, revelado a eles pelo próprio Deus, é que continha a verdadeira sabedoria, muito superior do que aquela propagada pela cultura grega. Ele tenta mostrar aos judeus que haviam sido seduzidos pela cultura grega, que a cultura do povo hebreu nada ficava devendo à cultura grega, nem em conteúdo, nem em brilhantismo.

No trecho que lemos hoje, e que pertence à primeira parte do Livro, vemos uma instrução que um pai dá ao seu filho e o tema principal desta instrução é a humildade. Para o autor do livro, a humildade é um dos principais valores a que uma pessoa deve se atentar. É a humildade que vai garantir estima junto aos homens e graça diante de Deus. Vejam, que ele não associa a humildade a uma característica de quem não possui bens ou estudo, como muitas vezes nós fazemos quando queremos definir uma pessoa humilde. Ele coloca a humildade como um valor que deve ser cultivado no coração de todas as pessoas, a começar por aquelas que são consideradas, dentro de uma sociedade, como sendo mais importantes. Jesus Ben Sira, autor do livro, não tem dúvidas de que na humildade e na simplicidade é que encontraremos sabedoria e felicidade verdadeiras.

Ser humilde não é ser possuidor de falsa modéstia. Ser humilde é termos consciência e responsabilidade do lugar que ocupamos, mas nunca causando humilhação aos outros por causa desta posição. A pessoa humilde tem consciência dos dons e talentos que possui, mas sempre os coloca em prática a serviço dos outros, de maneira simples e com amor. Ela nunca os utiliza apenas em benefício próprio ou para se vangloriar e justificar a posição que ocupa. Quando nós somos capazes de utilizar a simplicidade nos atos que fazemos, as pessoas reconhecem o valor de nossa contribuição, sem que para isso tenhamos que fazer propaganda daquilo que fazemos. E agindo desta maneira, talvez as pessoas aceitem nossa contribuição, nosso ensinamento ou, quem sabe, até desenvolvam admiração por nós. É aí que, segundo o autor, está o êxito da vida e a nossa felicidade.

Por outro lado, vemos nas pessoas soberbas, aquelas que não valorizam, nem colocam a humildade como um valor a ser cultivado em suas vidas, exatamente o contrário. Esta pessoa pode ser possuidora dos mesmos dons, dos mesmos talentos que a pessoa humilde, mas acaba utilizando estes dons de forma egoísta, visando apenas os próprios interesses e até mesmo de maneira injusta com os seus irmãos. Esta pessoa pensa que, por causa de sua autossuficiência, não precisa de Deus, nem da ajuda das outras pessoas. E são os seus gestos, suas exibições de poder e de superioridade que tornam essa pessoa temida pelos outros. Ela será temida, mas nunca amada ou admirada. Na visão do nosso autor, embora esta pessoa, eventualmente, também alcance destaque na sua comunidade, na visão de Deus ela é fracassada.

(…)continua

Ouça na ÍNTEGRA! Os comentários continuam e abrangem a 1ª Leitura, 2ª Leitura e o Evangelho desse domingo. Você se interessou em aprofundar este conteúdo? Ouça o comentário completo assistindo ao vídeo que contém o programa “Conversando sobre a Palavra” na íntegra:

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