Profeta Amos
25º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

  • Leituras do Dia
  • 1ª Leitura – Am 8,4-7
  • Salmo – Sl 112, 1-2.4-6.7-8 (R. cf. 1a.7b)
  • 2ª Leitura – 1Tm 2,1-8
  • Evangelho – Lc 16,1-13

No 25º Domingo do Tempo Comum o tema central da liturgia é a maneira como nos relacionamos com dinheiro e com os demais bens materiais em nossas vidas, qual o lugar que ocupam nelas.

A liturgia nos mostra que devemos frear o ímpeto da ganância e impedir que ela manipule nossos pensamentos e nossas atitudes. Devemos, antes de procurar tudo isso, focarmos nossa busca nos valores do Reino de Deus.

A primeira leitura de hoje é retirada do Livro do Profeta Amós. Ele, que é conhecido como o “profeta da justiça social”, pois esse é um tema recorrente nos seus escritos. Amós não foi criado para ser um profeta. Ele não recebeu treinamento especial em alguma escola para formar profetas. Era apenas um homem comum, vivendo sua vida normal, quando se sentiu chamado por Deus para falar em seu nome. Amós mesmo declarou:

“Não sou profeta nem discípulo de profeta. Foi o Senhor Deus que me tirou de detrás do rebanho e me ordenou: vai profetizar contra Israel, o meu povo”.

Amós exerceu seu ministério de profeta no chamado Reino do Norte, que era a parte de Israel que congregava o maior número de tribos, em meados do século VIII a.C., quando Jeroboão II era o Rei de Israel. Nessa época, Israel vivia um período de paz política e de prosperidade econômica, devido às conquistas de Jeroboão II, que havia expandido o território de Israel, fazendo com que os tributos dos povos vencidos se incorporassem à riqueza daquela nação. No entanto, essa prosperidade econômica não era refletida para as classes menos favorecidas. Apenas os mais ricos acabavam desfrutando dela. A distribuição dos bens estava nas mãos de comerciantes que se aproveitavam de seu monopólio para aumentar os preços a seu gosto e, dessa maneira, as famílias menos favorecidas financeiramente estavam sempre endividadas e acabavam perdendo suas propriedades para aqueles que mais tinham. Os poderosos eram muito influentes e agiam de tal maneira, que impediam que a justiça fosse feita aos desfavorecidos. É exatamente no meio deste contexto tão turbulento que aparece o profeta Amós. A firmeza do seu discurso, que denunciava estas injustiças mudou o ambiente daquela sociedade, que já parecia estar acomodada com aquela situação.

O texto que lemos hoje é uma dura denúncia que o profeta faz contra os comerciantes, que segundo suas próprias palavras “maltratam os humildes e causam a prostração dos pobres da terra”. Estes comerciantes, dominados totalmente pela ganância de aumentarem sempre mais os seus lucros, compravam os produtos dos agricultores por um preço bem baixo e revendiam às pessoas, em sua maioria de baixo poder aquisitivo, a preços muito mais altos, sem nenhum constrangimento de que, por isso, elas pudessem passar dificuldades. Além disso, segundo denuncia o profeta, também adulteravam as balanças, os pesos e as medidas, misturavam o trigo com cascas para fazer render mais… nada muito diferente do que ainda vemos hoje em tantos locais de comércio, em feiras livres e mercados públicos… as pessoas não mudaram muito de lá para cá, infelizmente…

Não bastasse tudo isso, o profeta ainda denuncia que eles ficavam tramando tudo isso com uma voracidade tão grande, que esperavam que os dias de lua nova e os dias de sábado, que eram dias sagrados para os judeus, onde não se podia realizar atividades lucrativas, passassem rapidamente, para que eles pudessem logo recomeçar suas atividades inescrupulosas de lucro. Ou seja, ao invés de utilizarem estes dias sagrados para renderem o devido louvor a Deus, pois para isso eram reservados os dias sagrados, eles passavam estes dias maquinando sobre novas formas de aumentarem seus lucros.

Tudo isso, todas essas práticas, configuravam, claramente, uma violação frontal dos mandamentos de Deus. Deus não poderia assistir a tudo isso sem se indignar com aquelas pessoas. Deus não poderia compactuar com a violência e com a injustiça que estavam sendo feitas com os mais pobres, pois estes crimes, cometidos contra os mais frágeis, eram uma afronta direta a Deus. É exatamente essa a temática da denúncia do profeta Amós, que anuncia que Deus não vai deixar passar batido esse tipo de comportamento. Deus não será indiferente a tantas injustiças. Deus, certamente, irá intervir para acabar com todo esse tipo de exploração. A frase dita pelo profeta, no final da leitura: “Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor”, é uma forma do profeta demonstrar para as pessoas que o ouviam o caráter irrevogável da decisão tomada por Deus.

Este trecho foi transcrito do áudio original de Antonio Santoro – Vox Católica (…)continua

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Exodo32-Adoração Bezerro de Ouro
24º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

O tema desta liturgia nos faz refletir sobre a lógica do amor de Deus. Deus ama o homem incondicionalmente e nem quando o homem se aproxima do pecado, nem mesmo assim, Deus afasta dele o seu amor. A primeira leitura de hoje é retirada do livro do Êxodo. Nesta leitura é apresentada para nós a atitude misericordiosa de Javé quando o povo de Israel demonstra infidelidade para com Deus. O trecho que lemos hoje faz parte da segunda parte do livro do Êxodo, na qual podemos ver o relato das tradições que falam do compromisso de amor que Israel estabeleceu com Javé. 

Hoje estamos situados em frente ao Monte Sinai. A região do Sinai é uma península, em forma de triângulo, com uma extensão de mais ou menos 420 km, se contarmos a distância que vai do norte até o sul e se estende do golfo de Suez, no Mar Mediterrâneo até o golfo de Áquaba, no Mar Vermelho. A península inteira é um deserto muito árido, com montanhas muito altas, que chegam a mais de 2.000 metros de altura. É muito difícil nós sabermos a localização exata do Monte Sinai, mas existe uma tradição cristã do século IV d.C., que identifica esse monte com a montanha chamada “Gebel Musa”, que podemos traduzir por “Monte de Moisés”. É uma montanha de 2244 metros de altura, que fica na parte sul da península. Embora não seja possível se afirmar com certeza se esta é realmente a montanha que vemos no livro do Êxodo, este local é destino de muitas peregrinações feitas tanto por judeus, como por cristãos. Fato é, que a cena que vemos hoje nos coloca em frente a este monte histórico, onde Deus realizou a aliança com o povo de Israel. E, enquanto Moisés estava no monte falando com Deus, o povo, por sua vez, construiu um bezerro de ouro e violou diretamente os termos dessa aliança. E o tema fundamental da nossa leitura gira em torno da resposta de Deus, da reação de Deus, face ao pecado do povo. Na primeira parte da leitura vemos a descrição do pecado do povo e uma primeira reação de Deus a isso. Vemos também um pedido de Deus a Moisés, onde Deus diz: “Deixa que minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma grande nação”. Este pedido pode ser comparado à promessa que Deus havia feito a Abraão. Deus sugere um recomeço para Moisés, da mesma forma que havia proposto a Abraão. Na segunda parte da leitura, vemos a descrição da intercessão que Moisés fez a Deus pelo povo e a ação da misericórdia de Deus, como resposta a Moisés. Moisés tenta aplacar a ira de Deus e, reparem, que suas palavras não fazem referência a méritos que o povo, porventura, pudesse possuir, para que Deus desistisse de lhes fazer mal, mas ele apela para a honra e para fidelidade de Deus às promessas que havia assumido com o povo no contexto da aliança. E a resposta final de Deus, põe em destaque sua misericórdia. Portanto, não são os méritos do povo que aplacam a ira de Deus, mas, unicamente, sua misericórdia e sua fidelidade à aliança que havia feito, seu amor e sua justiça. E lembremos que o conceito de justiça, quando falamos de Deus, não está associado meramente ao cumprimento de leis, de regras, de códigos, mas está associado a fidelidade, ao amor, à bondade de Deus para com os homens.

O nosso texto de hoje tem, como característica marcante, a ênfase da lealdade de Deus para com o povo, mesmo quando este não lhe é fiel. Fica claro para nós que a essência de Deus é composta por este amor gratuito que ele derrama sobre as pessoas, seja lá qual for o pecado que elas possam ter cometido. Deus nos ama incondicionalmente, seja qual for a resposta que demos a Ele. Esta é a justiça de Deus para conosco. É sobre esta ótica que devemos enxergar Deus e não sob a ótica de um vingador, que nos vigia, esperando qualquer deslize nosso para que possa nos castigar. Se fosse assim, ninguém estaria vivo para contar história, pois, afinal, quem de nós não é um pecador? Que possamos enxergar Deus sob esta ótica, do amor gratuito e da misericórdia.

(…)continua

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Oração
23º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

23º Domingo do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Sb 9,13-18 (gr.13-18b)
  • Salmo – Sl 89,3-4.5-6.12-13.14 17 (R.1)
  • 2ª Leitura – Fm 9b-10.12-17
  • Evangelho – Lc 14,25-33

Hoje celebramos o 23º Domingo do Tempo Comum. A liturgia deste dia nos mostra como os caminhos do Reino de Deus são exigentes. Quando nós fazemos, a opção pelo caminho do Reino de Deus, não podemos esperar facilidades que virão através das nossas escolhas. Sempre teremos a resistência dos que se opõe aos valores pregados por Jesus. Se não foi fácil para Ele, com certeza, também não será fácil para nós. Mas devemos ter em mente que este é o caminho que pode nos garantir a entrada para a vida eterna, enquanto os caminhos do mundo só garantem a falsa sensação momentânea de uma vida de sucesso. É algo que devemos considerar. Mas isso não é um raciocínio a que chegamos em um parágrafo de reflexão… é assunto para toda uma vida.

A primeira leitura de hoje é retirada do Livro da Sabedoria. Este livro é um dos livros conhecidos como Livros Sapienciais, cujo objetivo é nos transmitir a sabedoria que conduz as pessoas para uma vida de êxito, segundo os critérios de Deus. O autor do livro se apresenta como um rei que é apaixonado pela sabedoria e que construiu um templo e um altar na cidade de Deus. Todas essas referências nos levam a Salomão. O problema é que Salomão viveu por volta do século X a.C.., enquanto que o livro da Sabedoria foi escrito por volta do século I a.C.. Tudo isso nos faz concluir que este livro foi escrito por algum judeu piedoso que deve ter vivido nesta época, e não por Salomão, como, a princípio, possa parecer.

A intenção do autor deste livro é voltada para os Israelitas, que viviam imersos na cultura grega e que, por conta disso, acabaram envolvidos pelo paganismo, pela idolatria e por diversos tipos de imoralidade. O autor tentar mostrar que vale a pena viver os valores da fé judaica e perseverar na justiça e também tenta se dirigir aos pagãos, tentando atraí-los, com o argumento da superioridade dos valores da fé judaica em comparação com os valores pagãos. Para isso, ele se utiliza de uma linguagem bem familiar para as pessoas de cultura grega, de modo que pudesse passar sua mensagem de maneira mais atrativa e compreensível.

No trecho que lemos hoje, o autor faz um elogio da “sabedoria” e coloca como questão fundamental o fato dessa sabedoria ter origem em Deus, ser um dom gratuito de Deus, que permite às pessoas compreenderem tudo, fazer o que agrada a Deus e, por conta disso, serem salvas. O autor nos mostra que somos pessoas finitas, limitadas, que temos dificuldades, que são características dos seres humanos e, em razão disso, não conseguimos compreender corretamente as coisas por nossas próprias capacidades. Nós só conseguimos descobrir o verdadeiro sentido de nossas vidas através da aceitação da sabedoria de Deus, que é dada por Ele gratuitamente para todos aqueles que se dispuserem a recebê-la e, com ela, poderem compreender o verdadeiro sentido da vida. É através da sabedoria que as pessoas conseguem separar o que é verdadeiro do que é falso e também colocarem em uma escala de valores o que é importante e o que é inútil.

Esta leitura deve nos fazer refletir sobre a maneira pela qual nós discernimos as coisas na nossa vida. Quais os critérios que nós utilizamos para valorar as coisas, para sabermos o que é realmente importante e o que não é… como nós construímos nossa escala de valores? Será que sabemos enxergar, sob os critérios da sabedoria de Deus, o que é realmente um valor verdadeiro e o que é um falso valor, aquele que tem o potencial de nos iludir, de nos enganar, de nos afastar dos valores do Reino de Deus?

Homem estressado
Créditos da imagem: Vecteezy.com

Hoje, nos deparamos com tantos desafios, tantas opiniões, tantas teorias sobre as coisas…. realmente nossa cabeça acaba, muitas vezes, ficando confusa com tantas informações com que ela é bombardeada. Temos que nos revestir desta sabedoria dada gratuitamente por Deus, para que não sejamos levados o tempo todo pela opinião das mídias, que nos massacram 24h por dia com uma opinião que somente reflete a opinião de seus proprietários ou daqueles que financiam suas atividades. É muito difícil acharmos isenção nos meios de comunicação social. É bem verdade que eles são extremamente úteis para nossa democracia e isto, por si só, já é algo de extrema relevância, mas eles não podem ditar nossas regras de comportamento ou de pensamento, que devem estar sempre focadas no que nos ensinou Jesus. Ou, ainda, devemos nos revestir da sabedoria de Deus, para que não nos deixemos influenciar demasiadamente pela ideologia dominante no local onde vivemos, seja ela qual for, pois ela tentará o tempo todo direcionar tudo para a sua própria convergência, que não converge necessariamente para a mesma ótica dos princípios do Reino de Deus. Outras vezes somos confrontados pelos modismos, que como o próprio nome diz, são moda, não tem raízes em si mesmos, mas que arrastam multidões para determinados caminhos que, frequentemente, passam ao largo dos projetos, passam longe da sabedoria de Deus, dos verdadeiros valores para os quais devemos direcionar nossas vidas.

(…)continua

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Ajuda
22º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

22º Domingo do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Eclo 3,19-21.30-31 (gr. 17 -18.20.28-29)
  • Salmo – Sl 67, 4-5ac.6-7ab.10-11 (R. Cf. 11b
  • 2ª Leitura – Hb 12,18-19.22-24a
  • Evangelho – Lc 14,1.7-14

Hoje celebramos o 22º Domingo do Tempo Comum e a liturgia nos convida a refletirmos sobre alguns valores, em particular, que sempre estão associados ao Reino de Deus. Iremos refletir um pouco sobre humildade e sobre a prática do amor de maneira desinteressada, sem que esperemos nada em troca. A gratuidade do amor é uma das características mais marcantes de nosso Deus, que nos amou e nos entregou seu filho Jesus gratuitamente, para que, através dele, pudéssemos nos converter a obter a salvação

Na primeira leitura, vemos um trecho retirado do Livro do Eclesiástico. Este livro foi escrito no início do século II a.C.. Era uma época em que a Palestina estava sob o domínio do Império Selêucida. Este império se originou justamente quando o império de Alexandre, o Grande teve sua queda. Nesta época, vários generais de Alexandre dividiram o Império entre si, formando o que veio a ser o Império Selêucida. Este império, de cultura helenista, vinha minando os valores e a cultura do povo de Israel. Desta maneira, muitos Judeus e suas famílias, acabavam seduzidos pelo brilho da cultura helenística, da cultura de origem grega e, por consequência, acabavam por abandonar os valores e as tradições do povo de Israel.

Nesse cenário, surge Jesus Ben Sira, um judeu que valorizava e tinha muito orgulho das tradições e da cultura do povo de Israel, e que também tinha consciência de que a cultura helenística estava ameaçando destruir de vez as raízes do seu povo. Em vista disso tudo, ele escreve um documento que se destinava a mostrar ao povo judeu que a Torah, o livro sagrado dos Judeus, revelado a eles pelo próprio Deus, é que continha a verdadeira sabedoria, muito superior do que aquela propagada pela cultura grega. Ele tenta mostrar aos judeus que haviam sido seduzidos pela cultura grega, que a cultura do povo hebreu nada ficava devendo à cultura grega, nem em conteúdo, nem em brilhantismo.

No trecho que lemos hoje, e que pertence à primeira parte do Livro, vemos uma instrução que um pai dá ao seu filho e o tema principal desta instrução é a humildade. Para o autor do livro, a humildade é um dos principais valores a que uma pessoa deve se atentar. É a humildade que vai garantir estima junto aos homens e graça diante de Deus. Vejam, que ele não associa a humildade a uma característica de quem não possui bens ou estudo, como muitas vezes nós fazemos quando queremos definir uma pessoa humilde. Ele coloca a humildade como um valor que deve ser cultivado no coração de todas as pessoas, a começar por aquelas que são consideradas, dentro de uma sociedade, como sendo mais importantes. Jesus Ben Sira, autor do livro, não tem dúvidas de que na humildade e na simplicidade é que encontraremos sabedoria e felicidade verdadeiras.

Ser humilde não é ser possuidor de falsa modéstia. Ser humilde é termos consciência e responsabilidade do lugar que ocupamos, mas nunca causando humilhação aos outros por causa desta posição. A pessoa humilde tem consciência dos dons e talentos que possui, mas sempre os coloca em prática a serviço dos outros, de maneira simples e com amor. Ela nunca os utiliza apenas em benefício próprio ou para se vangloriar e justificar a posição que ocupa. Quando nós somos capazes de utilizar a simplicidade nos atos que fazemos, as pessoas reconhecem o valor de nossa contribuição, sem que para isso tenhamos que fazer propaganda daquilo que fazemos. E agindo desta maneira, talvez as pessoas aceitem nossa contribuição, nosso ensinamento ou, quem sabe, até desenvolvam admiração por nós. É aí que, segundo o autor, está o êxito da vida e a nossa felicidade.

Por outro lado, vemos nas pessoas soberbas, aquelas que não valorizam, nem colocam a humildade como um valor a ser cultivado em suas vidas, exatamente o contrário. Esta pessoa pode ser possuidora dos mesmos dons, dos mesmos talentos que a pessoa humilde, mas acaba utilizando estes dons de forma egoísta, visando apenas os próprios interesses e até mesmo de maneira injusta com os seus irmãos. Esta pessoa pensa que, por causa de sua autossuficiência, não precisa de Deus, nem da ajuda das outras pessoas. E são os seus gestos, suas exibições de poder e de superioridade que tornam essa pessoa temida pelos outros. Ela será temida, mas nunca amada ou admirada. Na visão do nosso autor, embora esta pessoa, eventualmente, também alcance destaque na sua comunidade, na visão de Deus ela é fracassada.

(…)continua

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21º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

21º Domingo do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Is 66,18-21
  • Salmo – Sl 116,1.2 (R.Mc 16,15)
  • 2ª Leitura – Hb 12,5-7.11-13
  • Evangelho – Lc 13,22-30

Hoje celebramos o 21º Domingo do Tempo Comum e o tema central da nossa liturgia é a oferta da salvação que Deus faz a todas as pessoas, sem exceção. A salvação também deve ser compreendida como um dom gratuito da parte de Deus, de sua bondade para com todas as pessoas. Mas para isso, o ser humano precisa renunciar a certos valores que são incompatíveis com o Reino de Deus, e optar, voluntariamente, pelos valores do Reino, que nos foram apresentados por Jesus.

Na primeira leitura de hoje, vemos um trecho retirado do Livro do Profeta Isaías, no qual um profeta, cujo nome não é mencionado na narrativa, nos mostra uma visão da comunidade final, daquela comunidade que será estabelecida no final dos tempos. É um lugar onde todos os povos da Terra, sem exceção, serão testemunhas das maravilhas de Deus. O profeta diz que mesmo os pagãos serão chamados para participar dessa comunidade, onde não haverá distinção de etnia ou origem.

Os capítulos 56 a 66 do Livro de Isaías, de onde foi retirado o trecho que lemos hoje, são atribuídos pelos estudiosos das escrituras a vários autores diferentes, sobre os quais não sabemos quase nada, mas que nos apresentaram seus relatos em um período histórico que é situado após o exílio da Babilônia. Neste período. nessa comunidade que habitava o Reino de Israel havia uma mistura muito grande de povos. Lá habitavam tanto judeus, como estrangeiros, que haviam se estabelecido em Jerusalém após durante o período do Exílio e outros que por lá se estabeleceram após esse período. Nesse contexto, surge uma grande problemática, que é a questão central da nossa leitura de hoje: estes estrangeiros poderiam ser integrados ao povo de Deus, no sentido de serem pessoas que poderiam ser aptas a receber a salvação de Deus? O profeta que nos fala no texto de hoje defende claramente que o acesso à salvação é universal. Todos os povos são convidados por Deus para esse objetivo. Não importa sua origem, sua etnia.

Capena Sistina, Profeta Isaías, por Michelângelo.
Capena Sistina, Profeta Isaías, por Michelângelo.

Tendo em vista essa visão do profeta, é que vemos no texto da leitura a constituição de uma comunidade do final dos tempos onde existem pessoas originárias de várias nações. Todas as pessoas são convocadas por Deus para fazerem parte do seu povo. E para isso, vemos no texto um escalonamento de eventos: Primeiramente, Deus promoverá uma reunião de todos as nações, independente de raça ou idioma. Em seguida, Ele enviará missionários, que serão pessoas escolhidas entre estes povos estrangeiros que foram reunidos. Estas pessoas serão destinadas a levarem o anúncio do Reino de Deus até os lugares mais distantes, de modo que todos possam ser convidados. Mais à frente, estas nações, que serão convidadas, responderão ao sinal enviado por Deus e se dirigirão ao Monte Santo, localizado em Jerusalém.

Apenas para entendermos a simbologia aqui contida, na teologia Judaica, Jerusalém era como o centro do mundo. Era o local onde Deus habitava junto com seu povo e onde deveria ocorrer a salvação definitiva do povo. Dessa maneira, este povo que virá dos locais mais distantes até Jerusalém, entrará na cidade trazendo, junto com eles, outros irmãos, como oferendas a Deus. E dentre estas pessoas que chegarão a Jerusalém, Deus escolherá algumas para se tornarem sacerdotes e levitas, com a função de servi-lo.

Temos sempre que lembrar que estamos em um contexto bíblico, envolvido em contexto político, onde o conceito de tolerância com povos estrangeiros não era algo fácil de ser enxergado pelas pessoas. A simples menção de que os povos de nações estrangeiras seriam convocados por Deus para comparecerem a Jerusalém e que Deus ofereceria a salvação igualmente a todos, a todos que aceitassem o seu convite, já era, por si só, algo escandaloso para as pessoas da época. Já era algo estranho dizer que Deus escolheria, dentre os pagãos missionários para levarem o Seu nome para nações mais distantes, e, imaginem, muito mais inimaginável seria dizer que dentre aqueles que aceitassem o convite destes missionários, Deus escolheria alguns para se tornarem sacerdotes e levitas com a função de servi-lo, uma atividade que era realizada dentro do Templo, que era um local onde qualquer pagão que ousasse entrar poderia ser condenado à morte! Quanta ousadia podemos ver nessa profecia que lemos hoje!!!

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Profeta Jeremias por Rembrandt
20º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

20º Domingo do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Jr 38,4-6.8-10
  • Salmo – Sl 39,2.3.4.18 (R.14b
  • 1ª Leitura – Hb 12,1-4
  • Evangelho – Lc 12,49-53

Hoje celebramos o 20º domingo do Tempo Comum e o tema central da nossa liturgia é a consciência que devemos ter sobre a importância da missão que nos é confiada por Deus. Deus nos convida a assumirmos um compromisso que exige de nós coragem e muita coerência. Essa é a essência da nossa missão. Nunca devemos perder de vista estas duas referências.

A primeira leitura de hoje é retirada do livro do profeta Jeremias. Jeremias foi um profeta que exerceu sua missão entre o ano 687 a.C.., de onde se tem os seus primeiros registros, até depois da queda de Jerusalém, que se deu no ano 586 a.C. Era uma época muito difícil, pois o reino de Israel, após a queda do Rei Josias, passou por governantes muito ruins, que fizeram alianças políticas muito instáveis com os povos que viviam ao seu redor, o que acabou resultando na ruína do país.

O trecho que nós lemos hoje, nos coloca no tempo do reinado de Sedecias, por volta de 586 A.C. Alguns anos antes esse Rei, pressionado por um grupo político, havia negado que fosse pago um tributo aos Babilônios. Um tempo depois, Nabucodonosor, Rei da Babilônia, fez um grande cerco a Jerusalém. Um exército egípcio veio ajudar Jerusalém no combate, o que causou uma euforia entre o povo de Israel. No entanto, o profeta Jeremias avisou que aquela alegria não fazia sentido, porque o cerco seria feito com mais rigor e eles não poderiam resistir. E, de fato, assim como Jeremias havia dito, aconteceu. Nabucodonosor apertou mais ainda o cerco e o profeta aconselhou que Jerusalém se rendesse pacificamente, para não haver muita violência, porque ele estava convencido que Deus havia enviado o castigo pelos pecados do povo através desta invasão dos Babilônios.

Dessa maneira, as pessoas de influência junto do Rei, que haviam se oposto à opinião do profeta Jeremias, e defendiam que deveria haver resistência contra os babilônios, denunciaram o profeta ao Rei e propuseram a sua eliminação, assim como vimos descrito logo no início da nossa leitura de hoje. O Rei, a princípio, hesitou, mas como também era refém do poder das pessoas que o apoiavam, acabou cedendo. Jeremias foi colocado numa cisterna sem nada para beber ou comer, correndo um real risco de vida. Então, um escravo chamado Ebed Melec, que morava no palácio do Rei e deveria gozar de algum prestígio junto a ele, intercedeu por Jeremias e o Rei ordenou que ele fosse retirado daquela cisterna onde havia sido posto para morrer.

Jeremias, por Michelângelo (Capela Sistina)
Jeremias, por Michelângelo (Capela Sistina)

Jeremias era um homem de natureza tranquila. Um homem sensível, educado, afável com as pessoas. Não era um homem feito para embates, para violência através de gestos ou de palavras. No entanto, durante este período de grande instabilidade em que vivia o povo de Israel, como acabamos de ver, Deus faz a ele um chamado e lhe confia uma missão de anunciar coisas que envolviam violência e morte. Jeremias foi seduzido pelo chamado de Deus e se colocou inteiramente à sua disposição, mesmo que isso significasse, para ele, modificar seu modo de ser. Ele assumiu uma missão dura, que o fez viver quase como um marginal, ao largo de sua sociedade. Afastou-se de amigos, de familiares e passou a vida denunciando os poderosos e resistindo às investidas que eles faziam contra ele.

Jeremias é um exemplo de profeta que dedica sua vida para que a palavra de Deus seja ouvida em todos os lugares, por todas as pessoas que sua pregação pudesse alcançar. Para isso, ele não pensa em si, nos seus interesses… abre mão de todo o conforto… ele pensa somente em tornar a vontade de Deus conhecida pelas pessoas, para que as pessoas pudessem pensar em construir um mundo que fosse um espelho dos desejos de Deus para nós.

Logo no início do Livro de Jeremias, no capítulo 1, Deus havia feito a ele uma promessa: a de que ele não deveria ter medo daqueles a quem Deus o enviar, pois Deus estaria ao seu lado para o libertar. E no final da nossa leitura de hoje, vemos o cumprimento desta promessa. Deus intervém na vida de Jeremias, para o livrar da morte, através de um escravo que habitava o palácio do Rei. Desta maneira, Deus nos mostra que sempre está ao lado daquelas pessoas que assumem a missão de propagar seu projeto neste mundo, de levar sua voz, de anunciar sua salvação para as pessoas, com coragem, ações e determinação.

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morte-primogenitos-egypt-pietro-paoletti
19º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

19º Domingo Do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Sb 18,6-9
  • Salmo – Sl 32,1.12.18-19.20.22 (R.12b)
  • 1ª Leitura – Hb 11,1-2.8-19
  • Evangelho – Lc 12,32-48

Hoje celebramos do 19º domingo do Tempo Comum e a liturgia deste domingo nos convida a sermos vigilantes. Um verdadeiro discípulo de Jesus não pode aceitar que sua vida fique parada no comodismo, numa acomodação que nos torna inertes. Muito pelo contrário, o verdadeiro discípulo deve estar sempre atento aos chamados de Deus, deve estar sempre pronto para entrar em ação na construção do Reino de Deus.

Na primeira leitura de hoje, vemos um trecho retirado do Livro da Sabedoria. Este livro foi escrito por um autor anônimo, mais ou menos na metade do século I a.C. e, muito provavelmente, na cidade de Alexandria que, naquela época, era local de concentração de um grande número de judeus, que haviam sido dispersos pelas terras fora da Palestina. Alexandria tinha grande importância cultural para o povo judeu. O autor deste livro se dirige aos judeus que viviam num ambiente de idolatria e imoralidade. Ele faz um elogio à sabedoria de Israel, com o intuito de animar o povo novamente, para que retomasse os seus valores. No entanto, este autor, sabiamente, se expressa com uma linguagem característica do mundo helênico, do mundo grego, uma vez que a cultura grega era dominante naquela região. Desse modo, sua intenção era a de que a mensagem dos valores caros a Israel também fosse compreendida por outros povos que também viviam mergulhados nessa mesma cultura.

O trecho que nós lemos hoje pertence à terceira parte deste livro, onde o autor cita fatos históricos e exemplos de figuras que vivenciaram estes fatos, para demonstrar as maravilhas operadas pela sabedoria de Deus presente na história do povo hebreu. Nos últimos capítulos desta parte do livro, nos quais está compreendido o trecho que lemos hoje, o autor mostra como os objetos de divindade, adorados pelos povos estrangeiros, acabaram se voltando contra eles durante o decorrer da história, enquanto que, pela ação do Deus de Israel, estes mesmos elementos tornaram-se motivo de glória e salvação para os hebreus.

O texto da leitura de hoje faz uma referência concreta a morte dos primogênitos do Egito, durante a noite em que ocorreu o êxodo do povo hebreu daquele país, onde eram escravizados pelo Faraó. O autor entende que este acontecimento foi uma resposta de Deus à ordem dada pelo Faraó de matar todas as crianças hebraicas do sexo masculino. Para os egípcios aquela foi uma noite de morte, de tragédia, de tristeza, de lamentação, de luto… Mas para os hebreus, foi uma noite de glória, de libertação, de alegria, de liberdade. Uma noite inesquecível, para sempre comemorada pelo povo.

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Pintura “A Morte dos primogênitos do Egito”, por Charles Sprague Pearce (1877).

A conclusão do autor é que, enquanto os egípcios louvavam os deuses falsos, ou divinizavam as obras da natureza, o povo hebreu reconhecia em Javé o Deus verdadeiro, agradecia por seus dons e seus benefícios, e, por consequência, via sua ação em favor deles, em sua vida. A noite do êxodo é um aspecto deste raciocínio do autor. Mais uma vez é importante lembrarmos que nossas leituras da liturgia são muitas vezes apenas recortes de alguns capítulos dos livros contidos na Bíblia. Hoje temos um bom exemplo desta ocorrência. Para compreendermos melhor o sentido das leituras é muito importante que nos dediquemos a uma leitura mais abrangente dos livros da Bíblia onde estes trechos estão inseridos. Por isso eu sempre recomendo que vocês separem um tempinho durante a semana para isso. Escolham um livro específico das Sagradas Escrituras, no qual vocês tenham um maior interesse em compreender o conteúdo e dediquem um tempinho para uma leitura específica deste livro. Com certeza, a compreensão dos textos da liturgia se tornará mais fácil, quanto maior for o nosso conhecimento dos livros de onde estes trechos são retirados. Façam esta experiência!

Como reflexão desta primeira leitura, devemos perceber que existe uma grande diferença entre viver de acordo com os valores da fé, de acordo com os valores da sabedoria de Deus, e viver segundo as propostas ilusórias que o mundo moderno nos apresenta, que acabam se tornando verdadeiros deuses para as pessoas. Somente a fidelidade aos caminhos propostos por nosso Deus pode nos garantir uma felicidade verdadeira e gerar vida, tanto para nós, quanto para os nossos irmãos. É verdade que sempre foi muito mais difícil trilhar estes caminhos. Caminhar pelos caminhos de Deus é caminhar por estradas cheias de obstáculos, de barreiras. E para que não caiamos nas tentações dos deuses modernos, que apelam para nossa atenção, que querem nos conquistar em toda esquina que cruzamos na estrada de nossas vidas, devemos estar sempre em estado de vigilância.

(…)continua

Ouça na ÍNTEGRA! Os comentários continuam e abrangem a 1ª Leitura, 2ª Leitura e o Evangelho desse domingo. Você se interessou em aprofundar este conteúdo? Ouça o comentário completo assistindo ao vídeo que contém o programa “Conversando sobre a Palavra” na íntegra:

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Liturgia Diária – Vox Católica. 

Pessoa refletindo
18º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

18º Domingo Do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Eclo 1,2; 2,21-23
  • Salmo – Sl 89,3-4.5-6.12-13.14.17 (R.1)
  • 2ª Leitura – Cl 3,1-5.9-11
  • Evangelho – Lc 12,13-21

Hoje celebramos o 18º Domingo do Tempo Comum e a liturgia deste domingo nos coloca diante de algumas perguntas que devemos refletir bastante para poder responder. O que é ser rico diante de Deus? Que riquezas deposito em meu tesouro interior? Em quais bens eu coloco a minha confiança? Com qual objetivo eu realizo os meus maiores esforços neste mundo? Essa são perguntas que as leituras de hoje vão tentar nos ajudar a responder.

tesouro

A primeira leitura de hoje é retirada do Livro de Eclesiastes. Este livro é um dos chamados livros sapienciais do Antigo Testamento e foi escrito por volta do século III a.C.. Não temos indicação de quem seja realmente o autor do livro, que conhecemos apenas como “Eclesiastes”, que é a denominação que é dada a pessoa que narra livro. Esse termo vem da tradução grega da Bíblia e tem o significado de “aquele que se senta ou que fala na assembleia”. A “assembleia”, por sua vez, era conhecida pelo termo “ekklesia”, e vem daí o nome desta pessoa que se coloca como narrador principal deste livro.

Este livro é como um caderno de anotações de um sábio de Israel, muito questionador. Ele escreve tudo num tom muito enigmático, polêmico e até mesmo pessimista, colocando em discussão muitas certezas, muitos dogmas que eram consolidados em Israel. O autor do livro se dedica a atacar os leitores com perguntas inquietantes. O que é o homem e para que ele serve? Para onde vai depois da morte? Para que servem as riquezas acumuladas e, até mesmo, o saber adquirido durante sua vida, se tudo isso se perde após a sua morte? Ele nos diz que tudo isso é um vento que passa e que não sobra nada para o homem após a sua partida…. a preocupação principal do autor do livro é levantar questionamentos, para os quais ele não se preocupa em oferecer respostas…

A grande lição que podemos tirar da leitura deste livro é que o homem é incapaz, por si só, de encontrar um sentido ou uma saída aceitável para a sua vida. O pessimismo do autor nos faz reconhecer que uma vida voltada apenas para nós próprios, para nosso enriquecimento e engrandecimento pessoal, uma vida voltada somente para si, não tem o menor sentido. O livro nos força a concluir que o ser humano, para poder encontrar minimamente um sentido para sua vida, deve olhar mais além, deve olhar para fora de si próprio, mas, no entanto o autor não nos fornece uma resposta. Ele deixa em aberto os questionamentos, para que os leitores façam as suas reflexões. Este livro, não é um livro de respostas. Seu objetivo foi denunciar que a sabedoria tradicional do povo, as coisas que eram as mais valorizadas por todos, eram todas inúteis no final da vida.

O trecho particular que vemos hoje na primeira leitura, nos transmite a inutilidade do esforço do trabalho humano, tendo em vista que no final da vida, estes esforços não terão servido a ele para nada, que não adianta nos trabalharmos muito, nos esforçarmos muito se, no final da vida ,deixaremos tudo para outras pessoas, que em nada colaboraram com o trabalho. E o autor, o Eclesiastes, vai resumindo todas as frustrações que narra no livro, com a expressão: “Vaidade, tudo é vaidade”. Embora o livro não apresente resposta para tantos raciocínios e perguntas em tom tão pessimista, para nós, que temos a fé em Deus e no Evangelho de Jesus, uma resposta pode ser dada. Só em Deus e baseados nos ensinamentos e nas promessas feitas por Jesus, poderemos encontrar sentido e razão para nossas vidas, poderemos preencher nossa existência de uma maneira que nos leve a buscar semear o nosso interior com os valores do Reino de Deus, que nos garantirão, um dia, uma vida em plenitude ao lado de Jesus, conforme Ele nos prometeu.

Que fique bem claro para nós que as conclusões a que chega o autor do livro, assim como as conclusões de muitos filósofos modernos que refletem sobre o sentido da vida e chegam à conclusão sobre a sua insignificância, sobre a sua frivolidade, sobre a inutilidade da busca da felicidade, podem ser confrontadas por todas aqueles que possuem a fé em Deus viva em seus corações. Para quem crê em Deus, para quem crê em Jesus, a vida não termina neste mundo. Embora nossa caminhada neste mundo possa estar repleta de frustrações, aborrecimentos, desilusões, nós sabemos que esta existência é só um caminho que estamos percorrendo, orientados por Deus, por Jesus e seu Evangelho, rumo ao destino final, rumo à nossa existência plena e definitiva, rumo ao verdadeiro sentido da nossa existência.

(…)continua

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Liturgia Diária – Vox Católica. 

Lot saindo de Sodoma, pintura de Benjamin West (1810)
17º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

17º Domingo Do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Gn 18,20-32
  • Salmo – Sl 137,1-2a.2bc-3.6-7ab.7c.8 (R. 3a)
  • 2ª Leitura – Cl 2,12-14
  • Evangelho – Lc 11,1-13

Hoje celebramos o 17º Domingo do Tempo comum e o tema principal da nossa liturgia é a oração. Nós veremos esse tema com muita clareza tanto na primeira leitura, num trecho focado em Abraão, quanto no evangelho, quando os discípulos pedem a Jesus que ensine a eles como orar. Portanto, a liturgia de hoje nos mostra como a oração é importante na vida da pessoa que crê em Deus e como ela é um dos principais recursos que aproxima o homem de Deus.

Oração
Créditos da Imagem: Vecteezy.com

Na primeira leitura, retirada do Livro do Gênesis, vemos que a oração nos coloca frente a frente com Deus, e que Deus escuta atentamente nossas orações. Por sua vez, também vemos o exemplo da postura que o ser humano deve ter perante Deus, durante esta conversa. Uma postura de humildade e de respeito, mas que também pode ser acompanhada de ousadia nos pedidos e deve ser revestida de confiança na escuta da oração por parte de Deus. O ser humano apresenta a Deus seus anseios, suas dúvidas e suas inquietações, mas também tenta perceber, através de uma postura de escuta sincera, quais são os projetos de Deus para as pessoas e para o mundo.

Esta leitura de hoje vem na sequência da leitura da semana passada. Aqueles três personagens que haviam estado na tenda de Abraão, agora partem em viagem para constatar os pecados cometidos pelos habitantes de Sodoma e Gomorra. Por isso eu sempre recomendo que vocês tirem um tempinho durante a semana para dedicarem à leitura da Palavra de Deus. Um pouquinho por dia. As leituras que temos nas missas são apenas recortes dos livros da Bíblia. Muitas vezes não compreendemos o contexto, porque nos falta uma compreensão melhor, que, com certeza, viria se lêssemos a integralidade dos capítulos de onde elas são retiradas. Fica aqui, mais uma vez, esta dica que deixo pra vocês.

Sodoma era uma cidade muito antiga, que ficava situada nas margens do Mar Morto. De acordo com as tradições foi destruída juntamente com outras 4 cidades (Gomorra, Adama, Seboim e Segor) por um evento cataclísmico. Esse evento ficou na memória cultural dos povos daquela região. Até os dias de hoje, cientistas procuram uma explicação para este fenômeno, pois a região fica num local muito sujeito a terremotos e erupções vulcânicas. Foi este evento que muito provavelmente originou a reflexão que vemos hoje narrada na primeira leitura, que tem por objetivo teológico nos mostrar o exato peso que possuem o justo e pecador diante da justiça de Deus.

É justamente aí que reside a pergunta fundamental do autor do texto: Será que num local tão repleto de pecadores, um pequeno grupo de justos seria capaz de demover Deus de castigar todo o povo? Será que um pequeno número de pessoas justas tem tanto valor para Deus que, por amor a eles, faz com Deus não exerça a punição sobre um grande número de culpados?

Se formos olhar pela mentalidade dominante no povo hebreu, veremos que toda a comunidade é solidária tanto no bem quanto no mal. Se a falha fosse grave ao ponto de provocar a ira de Deus, toda a comunidade seria castigada, todos sofreriam a ira de Deus. Portanto, o autor do nosso texto nos mostra um ensinamento revolucionário, principalmente para os padrões daquela época: a justiça de um pequeno grupo de pessoas é mais importante para Deus do que o pecado de uma grande multidão. Mais a frente o povo de Israel ainda viria a desenvolver um conceito mais aprimorado sobre responsabilidades individuais. Mas esse tema que vemos hoje na leitura levantava uma grande polêmica em relação ao entendimento que eles possuíam até então.

Reparem que, durante seu diálogo com Deus, Abraão vai diminuindo progressivamente a quantidade de justos que poderia haver na cidade e que poderiam desencadear o procedimento misericordioso de Deus em relação a toda a comunidade. Primeiro eram 50, aí Abraão foi diminuindo até chegarem a 10. O objetivo dessa diminuição progressiva e as sucessivas manifestações de Deus dizendo que não castigaria o povo se estes justos fossem encontrados, quer nos ensinar que a misericórdia de Deus é muito maior do que a vontade de castigar e que a vontade de Deus de salvar suas criaturas é muito maior do que a vontade de condená-las.

(…)continua

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Pintura de Murillo (1670) - Abraão e os Três Anjos
16º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

16º Domingo Do Tempo Comum – C

Leituras do Dia

  • 1ª Leitura – Gn 18,1-10a
  • Salmo – Sl 14,2-3a.3cd-4ab.5 (R. 1a)
  • 2ª Leitura – Cl 1,24-28
  • Evangelho – Lc 10,38-42

Hoje celebramos o 16º Domingo do Tempo Comum e o tema principal da nossa liturgia é a hospitalidade e o acolhimento. As leituras de hoje nos ensinam que uma verdadeira existência cristã passa, necessariamente, por dois pontos principais. O acolhimento de Deus e de suas propostas para a humanidade e o acolhimento dos irmãos. É partindo dessas duas premissas que encontraremos sentido verdadeiro em nossa vida como cristãos e em nossa missão junto aos nossos irmãos.

A primeira leitura de hoje, retirada do livro do Gênesis, nos coloca como personagem principal Abraão. Abraão representa o modelo de pessoa que está sempre muito atento a tudo o que acontece ao seu redor e, ao mesmo tempo, é uma pessoa que não hesita em partilhar o que possui com o irmão que atravessa seu caminho, ao ponto de ver no hóspede que recebe em sua tenda a figura do próprio Deus.

Abraão é uma figura que o autor do livro quer nos descrever como um modelo de vida e um modelo fé para as pessoas. O texto nos diz que Abraão “estava sentado à entrada da sua tenda, no maior calor do dia”. De repente aparecem três homens diante dele e ele os convida a entrar, mas não se limita a oferecer a eles somente água para eles lavarem os pés, conforme era tradição naquela época, mas prepara também um grande banquete para eles, ficando de pé, à disposição para atender qualquer solicitação, como se fosse um servo dedicado. Este é um retrato da hospitalidade dos nômades daquele tempo, descrita num grau exemplar.

Abraão e os Três Anjos. Pintura de Sebastiano Ricci. (1649)
Abraão e os Três Anjos. Pintura de Sebastiano Ricci. (1649)

Dessa maneira, Abraão é apresentado para nós como um homem íntegro, bondoso, misericordioso e atento aos que passam à sua volta e às necessidades dessas pessoas, tendo disposição de repartir com elas aquilo que possui de melhor. Quando a refeição termina, um dos homens anuncia a Abraão que um dos seus maiores sonhos, que era o nascimento de um filho, de um herdeiro, iria se concretizar. O texto nos dá a entender que esta é uma recompensa de Deus para a hospitalidade de Abraão, nos dá a entender que Deus não deixa que nossas atitudes de bondade, de amor e de gratuidade passem despercebidas.

No texto não fica claro se Abraão tinha ou não a consciência de que estava diante do próprio Deus, mas a sua postura de respeito, de atenção, de submissão e de confiança total, tanto dele quanto de sua esposa Sara, demonstram qual deveria ser atitude de um verdadeiro crente diante de um Deus que vem ao encontro do homem e diante de suas promessas para o seu povo. Essa é a intenção de catequese que o autor do texto quer transmitir aos seus leitores.

Reparem, também, como o autor nos mostra a imagem de um Deus, que aparece de maneira repentina na vida do homem e que aceita entrar em sua casa, comer em sua mesa e formar uma comunidade junto com ele. O autor que nos mostrar que nosso Deus é um Deus que dialoga, que quer formar laços de intimidade com as pessoas, laços de comunhão, sempre representados por este gesto de sentar-se junto à mesa e repartir os alimentos. Deus quer estabelecer uma ligação forte com as pessoas.

O autor do nosso texto apresenta para os homens do seu tempo, para os quais se dirigiu primeiramente o livro, e agora, também para nós, através da personificação em Abraão, o modelo de crente. É uma pessoa a quem Deus se manifesta, vindo lhe visitar. Esta pessoa o acolhe em sua casa e em sua vida de maneira exemplar. Coloca tudo o que tem de melhor em suas mãos e manifesta, através de seu comportamento, valores como a generosidade, o acolhimento, a humanidade, a confiança e a fé. É uma pessoa que partilha os bens que possui com quem atravessa o seu caminho, sempre de maneira a demonstrar a sua hospitalidade e o seu acolhimento. E o autor também nos mostra que a realização dos anseios mais profundos destas pessoas é a recompensa de Deus para quem assim agir.

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